domingo, abril 12, 2015

Jogo do Mês: Syberia

Syberia é um jogo do tipo adventure, lançado em 2002, bastante elogiado pela crítica. Vejamos se esta fama é merecida.


A Trama

No seu centro, a trama é simples: você é Kate Walker, uma jovem advogada que foi enviada aos Alpes Franceses para pegar a assinatura de Anna Voralberg no contrato de venda da fábrica da família para uma grande fabricante de brinquedos. Entretanto, Anna morreu na véspera da sua chegada e você precisa encontrar o herdeiro, que é o irmão de Anna.

A coisa fica mais interessante pelo fato de Hans Voralberg ser uma pessoa perturbada, com mentalidade de menino mas capaz de projetar complicados autômatos, com uma relação complicada com o pai e com a irmã. Isto dá à trama um tom dramático envolvente. Hans abandonou a cidade há décadas para procurar a mítica ilha Syberia, onde supostamente ainda existem mamutes.

Uma subtrama é o relacionamento de Kate com seu noivo. Esta subtrama é conduzida através de ligações telefônicas que Kate recebe no seu celular.

O Visual e a Música

Este é o ponto alto do jogo. Os cenários são lindos e as animações (cut-scenes) muito bem feitas. A música e os efeitos sonoros contribuem para criar a atmosfera de cada local. A solução de problemas importantes é acompanhada de um aumento momentâneo da intensidade da música, o que reforça a sensação de vitória. Os elementos steampunk, particularmente os autômatos, dão a mistura certa entre o concreto e o surreal.

Uma parte da linha de produção da fábrica

Mas nem tudo é perfeito. Muitas telas são apenas cenário, sem nenhum elemento para interação. De um lado perde-se tempo procurando algo que não está lá e outras vezes se tem dificuldade em perceber o que está presente. Estas telas "inúteis" irritam quando estamos andando de um lado para o outro. Uma complicação adicional na movimentação é que, ocasionalmente, há uma mudança de ponto de vista de uma tela para outra (por exemplo, você sai de uma tela pela esquerda e entra na seguinte também pela esquerda). Esta passagem de tela nem sempre é igual. Na maioria dos casos ao sair por um dos lados você vai para uma tela nova, em alguns poucos casos a tela vai rolando gradualmente à medida que você tenta sair pelo lado.

Mais irritante ainda é que Kate dá uma nítida parada e move lentamente quando encontra degraus. Aparentemente os produtores adoram esta animação, pois as telas estão repletas de degraus.

A "Jogabilidade" e os Problemas

Syberia é um jogo do tipo "point and click" tradicional, para ser jogado unicamente com o mouse. Em nenhum momento você precisa reagir rapidamente. Não há como morrer ou chegar a um beco sem saída.

O botão esquerdo do mouse é usado para se mover e interagir com objetos. Um conjunto pequeno de ícones (que eu achei muito parecidos entre si) indica qual será a ação: se mover, examinar ou interagir com um objeto. O botão direito ativa a tela de inventário, que por sua vez dá acesso ao menu. Simples e eficiente, mas com poucas opções.

Um ponto que limita os problemas é que não é possível combinar objetos. Grande parte dos problemas consiste em pegar um objeto de um ponto e colocá-lo em outro. Com isto alguns problemas se mostram repetitivos. Às vezes só entendi o raciocínio por trás de um problema após resolvê-lo por tentativa e erro (ou uma consulta às dicas do UHS). O andamento do jogo é muitas vezes bem linear. Isto significa que você não consegue interagir com certos objetos e pessoas enquanto não fizer outras ações (o que é frustrante) e que você precisa tentar novamente interagir com objetos e pessoas após fazer qualquer ação (o que é cansativo).

Veredito

Recomendado. Apesar de alguns aspectos frustrantes e irritantes, os visuais e a história são totalmente cativantes.

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