quarta-feira, novembro 08, 2006

Adventure - Parte I


Neste post vou começar a falar sobre um tipo de jogo que aprecio muito: Adventure. Este tipo de jogo é às vezes chamado de Ficção Interativa, pois o objetivo principal é contar uma história de forma interativa, com o jogador controlando um personagem.

Ao longo do post menciono varios sites onde alguns jogos podem ser baixados legalmente.

Colossal Cave Adventure - A Aventura Original

O primeiro jogo deste tipo foi criado em Fortran, em um minicomputador PDP. A história completa de porque e como este jogo foi criado pode ser encontrada aqui.

O formato usado foi o padrão por muito tempo. A interface é toda em texto, com o jogador digitando comandos, tipicamente na forma . O jogador passeia entre locais (salas no jargão dos desenvolvedores e fãs), recolhendo e usando objetos. Existe um objetivo (no caso, existem tarefas e tesouros que dão pontos ao jogador) e diversos problemas a serem resolvidos (tipicamente usando os objetos recolhidos). Concluir o jogo (isto é, resolver todos os problemas) é normalmente uma tarefa de dias ou semanas.

A Aventura Original foi migrada, adaptada, re-escrita e aperfeiçoada diversas vezes. Até mesmo a Microsoft chegou a comercializar uma versão, na época do lançamento do IBM PC. Uma adaptação direta da original, em Fortran, pode ser baixada daqui. Donald Knuth escreveu uma adaptação em C, usando um sistema de documentação a partir do fonte desenvolvida por ele; ela pode ser baixada aqui.

Adventure International - A Aventura Chega aos Micros Pessoais

Scott Adams (não confundir com o homônimo que é o autor do Dilbert) foi quem primeiro transportou este tipo de jogo para os micros pessoais. Para colocar o jogo em micros com 16K de memória (e que usavam fita cassete para armazenamento), Scott usou descrições curtas, limitou o vocabulário e, mais importante, criou um interpretador de aventuras. A aventura propriamente dita eram os dados processados pelo interpretador. Por exemplo, existiam as listas de verbos e objetos. Uma tabela relacionava combinações de verbos, objetos e condições com ações a serem executadas. Por exemplo, se o jogador digitar ACENDER FOSFORO e a DINAMITE estiver na sala atual deve ser executa da ação "perde o jogo".

No site do Scott Adams exitem links para baixar as aventuras que ele comercializou. Uma delas é a Pirate Adventure, cujo código foi publicado na revista Byte e eu penei para converter em Cobol e rodar no computador a que eu tinha acesso.

Para quem for fluente em inglês, tem uma entrevista do Scott Adams para baixar em MP3 aqui. Particularmente divertida é a parte em que ele joga uma aventura com a plateia.

Infocom - O Auge da Aventura em Texto

Pode ser surpresa, mas uma das principais empresas de jogos no começo dos micros pessoais desenvolvia apenas aventuras em texto. A história completa pode ser vista aqui e aqui. Basicamente foi um bando de amigos que pretendiam fazer um software "sério" mas que como primeiro produto resolveram lançar um jogo que tinham feito na faculdade - assim surgiu o Zork (mais especificamente Zork I, Zork II e Zork III, pois o jogo teve que ser quebrado para caber nos micros).

Os jogos da Infocom se caracterizavam por descrições longas e caprichadas e uma grande capacidade de interpretar os comandos do jogador. No lugar de , o parser aceitava frases completas. Como Scott Adams, a Infocom também utilizava um interpretador, os jogos eram escritos para uma máquina virtual chamada Z-Machine.

Uma outra característica dos jogos da Infocom foram as embalagens e complementos sofisticados. Além de ajudarem na imersão no jogo, isto dificultava e tornava menos atraente a pirataria.

Os jogos Zork I, II e III podem ser baixados aqui.

Os Fãs das Aventuras de Texto

Embora as aventuras de texto não sejam mais comercializadas, ainda existem algumas legiões de fãs na Internet. Entre as suas criações, existem ambientes para desenvolvimento de aventuras, como o Inform, e interpretadores para formatos populares como a Z-Machine e o usado por Scott Adams.

Existe até um concurso anual. Entretanto, a regra do concurso é que o jogo deve ser avaliado após jogar por duas horas, portanto são normalmente jogos curtos.

As Aventuras Ilustradas

Um recurso que surgiu bem cedo foi substituir as descrições dos locais por imagens estáticas. A Sierra (vamos falar mais sobre ela) fez várias aventuras assim para o Apple II.

Mesmo no tempo dos PCs com placas EGA e Soundblaster ainda existiam aventuras deste tipo. Uma delas é Gateway, baseada no livro de ficção científica de mesmo nome. A versão que eu tenho em casa foi baixada do site da editora (Legend Entertainment), onde o jogo estava disponível gratuitamente para download para promover a venda de uma coletânea de jogos antigos. Infelizmente, a Legend fechou e portanto o site não existe mais. O jogo pode ser encontrado em sites de Abandonware, porém a legalidade destes downloads é discutível.

2 comentários:

Unknown disse...

Finalmente alguma coisa sobre ficção interativa e jogos de texto na net. Poxa. Valeu pelo artigo, muito bom.

Christiano Santos disse...

Concordo com Janos, precisamos de mais trabalhos e matérias tão bons quanto este acerca de Ficção Interativa.

Isto é algo muito bom para se acabar assim, de repente!